Os provérbios
Um trecho da Bíblia muito lido na época de Bruegel era o Eclesiastes, um dos livros do Velho Testamento que contém a frase "o número de tolos é infinito". Com este quadro, Bruegel teve a intenção de entreter e instruir. Fez isso com admirável sucesso, criando uma janela para o mundo, tanto no sentido visual como moral. A obra de Bruegel resistiu ao tempo porque cada geração tem a sensação de que ela se refere às questões e à realidade do seu próprio tempo.
Eis alguns provérbios que podemos localizar no quadro:
Vivendo debaixo da vassoura. Um casal mora junto sem estar casado ‑ um estado de pecado que se chamava "viver debaixo da vassoura”.
Um malandro com chapéu colorido de pompom branco está roubando nas cartas. Sua atitude para com o mundo é representada graficamente: ele defeca no globo abaixo da janela. Dentro da taverna, dois tolos "levam um ao outro pelo nariz”: um ignorante tenta instruir outro ignorante
Armado até os dentes "Colocar o guizo no pescoço do gato" era a tarefa perigosa que um intrépido rato tentou realizar, num conto de fadas flamengo. Este homem está sendo supercauteloso; está literalmente 'armado até os dentes", para proteger-se da ira de um gato velho e manso.
Assando arenques Este tolo perde tempo "assando arenques para comer as ovas". Ao seu lado, outro tolo literalmente "cai entre dois banquinhos", numa vã tentativa de sentar‑se em ambos.
Fogo e água A mulher carrega fogo em uma das mãos e água na outra: ela não consegue formar uma opinião. Ao seu lado, o porco que arranca a rolha do barril representa a ganância.
O hipócrita O pilar representa a Igreja; o homem que abraça e ao mesmo tempo morde o pilar é um hipócrita. Ele mantém seu ato em segredo, "debaixo do chapéu", que está colocado em cima do pilar.
A mulher que amarra um demônio numa almofada representa a esposa tirana. Bruegel dedicou um quadro a esse tema, conhecido como Dulle Griet (Margarida Louca). Os provérbios daquela época diziam que uma mulher assim era capaz de visitar o inferno sem nada sofrer.
Batendo a cabeça na parede. Muitos personagens, como este tolo que bate a cabeça na parede, perdem tempo em trabalhos vãos. Outros atos semelhantes de estupidez aparecem no quadro: no rio, um tolo "pesca atrás da rede", enquanto outro"nada contra a corrente", e à direita, embaixo, um homem tenta "abrir a boca mais que um fomo".
“Muito trabalho e pouca lã, disse o tolo, e tosquiou o porco”. Atrás dele, duas mulheres espalham boatos maldosos.
Tapar o buraco depois que se afogou é tomar precaução depois que um desastre acontece.
2 comentários:
utilizei os comentários do provébios de Brueguel em uma prova da sexta série aqui em minha cidade no interior de São Paulo
oi Erika,
depois me conta o resultado desta prova.
[s]
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