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Poemas de Maiakóvski, composição tipográfica de El Lissitzky. O livro foi feito como um índice telefônico, na aba tem um pequeno ícone que identifica cada poema.
"Em 1922, El Lissitsky, então enviado especial da União Soviética à Europa, na qualidade de uma espécie de embaixador cultural do regime, publica um livro de coletânea dos mais conhecidos poemas de Maiakovski. O livro chamou-se Dlia Golossa (Para a voz) e tinha este título pois nascera das necessidades de divulgação da mensagem revolucionária, através da poesia daquele que era, já então, o maior poeta da Rússia. Na impossibilidade da presença de sua figura impressionante, cuja récita conseguia empolgar pequenas multidões, imaginou-se um livro que pudesse servir de guia de leitura dos poemas, escolhidos segundo as diversas ocasiões e necessidades. Assim, por exemplo, em uma comemoração do dia do trabalho, poder-se-ia declamar Moi Mai (Meu Maio), que fazia menção à data. Ou em uma reunião de um comitê de artes seria possível recorrer à Ordem no. 1 ao Exército das Artes e assim por diante. A questão era elaborar um certo tipo de livro em que os poemas pudessem ser localizados facilmente, na velocidade que a urgência revolucionária poderia requerer. El Lissitsky então raciocinou por similaridade: tomou o modelo do índice da caderneta telefônica e compôs o livro, no qual cada poema é acessado a partir de um ícone com parte do título em legenda. O ícone representa, nesse caso, parte da ilustração que introduz cada poema, ou mais do que isso, quase um indicador - como uma partitura - do modo como aquele poema deveria ser lido. Trechos em vermelho ( a outra cor empregada, além do preto) destacavam passagens que requisitavam maior ênfase, ou refrões.O índice de Lissitsky para o livro de Maiakovski é, na verdade um menu. Nossos dedos "clicam" em cada ícone e somos remetidos às páginas iniciais dos poemas correspondentes."
(trecho de um artigo de Lucio Agra)
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