Roy Lichtenstein. ART, 1962
Ben Vautier. Art, 1958
Gerhard Ruehm. Bild [imagem], 1955
Ben Vautier. Toile [tela], 1965
Kosuth. Neon, 1965
Kounellis. Untitled (Paint), 1965
Uma exposição proibida no MAM, 1973, época pesada, censura & loucura. Pegar então a exposição censurada, transformá-la em material iconográfico, juntar uns textos, criar uma estrutura de jornal, inventando assim um novo suporte para expor os trabalhos proibidos. Conseguir, por fim, que O Jornal publicasse o resultado num caderno de seis páginas, fazendo com que a exposição funcionasse independente de museu, ditadura, censura etc... Durando 24 horas, o tempo de duração de um jornal.
(texto de Antonio Manuel, do livro publicado pela Funarte)
A exposição LOJA é uma mostra itinerante que exibe diferentes tipos
de publicações de artista, tais como: livros, revistas, jornais, cds,
dvds, cassetes, vinil, xerox, cartazes, postais, pequenos objetos
múltiplos, adesivos, etc. No período de sua permanência no espaço físico
ocupado, (que pode ser um atelier, uma sala na universidade ou uma galeria
de arte), as publicações ficam à disposição do público para o manuseio,
venda e distribuição gratuita. Fruto de um mapeamento que vem sendo
realizado como pesquisa acadêmica sobre publicações de artistas no Brasil,
cada uma das edições das exposições LOJA traduz-se como uma amostragem das
prospecções feitas sobre este tema. Seu objetivo é suscitar discussões
acerca dos modos de apresentação de uma pesquisa experimental em arte,
cujo formato é o de uma exposição, concentrando-se nos passos de seu
desenvolvimento e nas transformações (que, como bem sabemos, são
constantes). Localizar o debate centrado nessas duas instâncias - pesquisa
acadêmica e exposições -, ambas centradas no processo de seu
desenvolvimento (que continua a cada (a)mostra(gem)), tem possibilitado
visualizar situações que, via de regra, são excluídas. Além do percurso
(restrito quase sempre como produção de bastidor), o cruzamento entre uma
pesquisa realizada na universidade com exposições abertas ao público tem
gerado processos efetivamente mais dinâmicos, acrescidos de algumas
camadas cercadas de uma exterioridade muitas vezes ignorada. Assim, tanto
a pesquisa acadêmica quanto as exposições tornam-se estruturas abertas e
processos contínuos de formulações e debates coletivos, dentro e fora da
universidade. Cada edição de uma exposição LOJA é realizado um encontro
com o público afim de apresentar o projeto que ali está sendo exposto. Ou
seja, a pesquisa sobre o tema publicações de artistas; as publicações de
artistas como dispositivos curatoriais independentes; e a exposição LOJA
como um sistema potencialmente dinâmico e complexo, portador de
retroalimentações nos distintos contextos que circula e habita.
O projeto (que inclui a pesquisa acadêmica e suas exposições)
mas, principalmente, a relação encontrada entre os dispositivos
curatoriais e os formatos expositivos das edições da LOJA, acusam
referências que vão desde as vanguardas experimentais dos anos 1960-70 às
práticas artísticas das décadas de 1990/2000. As ações Fluxus,
sobretudo a primeira “Loja-Fluxus” (Nova York, 1964), “The Store” (Nova
York, 1961) de Claes Oldenburg e “Laboraitore 32” - tempos depois, “Le
Magazin de Ben” - (Nice, 1959), iniciativas de artistas levadas à efeito
durante toda a década de 1960, são referências imediatas para a proposição
de uma exposição cujo formato é o de uma loja. Reflexões acerca de uma
exposição como um espaço móvel e circulante tem sido extraídas do projeto
“La Boîte Volante” da artista francesa Marie-Ange Guilleminot
(Paris,1997-2003), assim como do escritório ou galeria móvel
denominado “Banca” (Rio de Janeiro, 1999-2002) do artista carioca
Helmut Batista.