sábado, 2 de fevereiro de 2008

Livro dos Seres Imaginários






O Livro dos Seres Imaginários é um álbum de serigrafias constituído por letras ampliadas que remetem aos alfabetos ilustrados. O trabalho pode ser interpretado como se fossem letras capitulares desenhadas especificamente para um livro que ainda não foi escrito. Não foram desenhadas todas as letras do alfabeto, mas apenas quinze delas, de modo que o trabalho deve ser visto como uma narrativa fabulosa, um texto contado por meio dessas figuras fantásticas.

Os desenhos formam um conjunto de seres mitológicos, um tipo de bestiário, publicação comum na Idade Média.

Cada figura foi construída pelo isomorfismo das letras e das máscaras. A forma de cada letra determinou a associação com uma máscara que possa reforçar seu desenho, por contraste ou por semelhança. Foram usadas maiúsculas e minúsculas de uma mesma família tipográfica.

O desenho exato e preciso das letras tem seu contraponto nas máscaras, de contorno irregular. O preto, cor padrão de impressão de textos, foi aplicado em todas as máscaras, que são tradicionalmente coloridas. O contraste criado pela associação de elementos díspares é destacado pelo uso de cor nas letras.

Uma parte das máscaras aqui apresentadas são usadas em rituais. Um ritual é um conjunto de práticas que se definem pelo uso. Deste modo, este trabalho trata das relações entre som e sentido, a arbitrariedade dos signos, as convenções sociais e o embate entre a tradição oral e a cultura erudita, representada pelo impresso.

A associação de letras e máscaras surgiu da reflexão de que cada tipo tem sua forma particular, seus atributos próprios. A personalidade de um rosto, que procurei demonstrar nos “cinqüenta caracteres”, é comparada com a individualidade das letras, o que chamou a atenção para a criação de personagens diversos.

As imagens que crio são o equivalente visual de expressões verbais como as comparações, símiles, metáforas, jogos de palavras, paronomásias, símbolos, alegorias, mitos e fábulas.

Um comentário:

amir brito cadôr disse...

O gramatologia é grande

Pardon my rusty Portuguese (ok, my non-existent Portuguese, which is even rustier), but I just discovered a great art blog, Gramatologia, published by the Brazilian artist Amir Brito Cadôr. Amir’s work and the work of other artists he features is predominantly text-based in many different languages, and the site is mostly visual, so it doesn’t matter if you don’t read Portuguese. Check it out.

Amir’s work is often caligraphic, and plays with type and alphabets(...)

http://www.jurisich.com/blog/2008/07/o-gramatologia-e-grande/

valeu Jay